A rainha do Egito era na realidade grega
Nascida em 60 a.C., Cleópatra VII Téa Filopator, a última
rainha do Egito, não tinha sangue egípcio. Ela descendia de uma dinastia grega,
a dos ptolomeus. Para garantir a própria legitimidade e provar a ascendência
divina, os ptolomaicos, tidos como estrangeiros em terras faraônicas, faziam
como os deuses: casavam-se entre eles.
A própria Cleópatra, para continuar no poder, chegou a casar
com dois de seus irmãos Ptolomeu 13º e Ptolomeu 14º. A rainha governou o Egito
antigo entre 51 a.C., após a morte de seu pai, Ptolomeu 12º, e 30 a.C., quando
suicidou-se.
Ao que parece, Cleópatra foi bonita apenas em terras
hollywoodianas. Não há retratos da rainha, mas algumas moedas da época a
mostram com um queixo e um nariz proeminentes, características estas herdadas
da família. Para compensar os traços fortes, ela era elegante e carismática.
Há registros que dizem que a rainha foi careca em alguns
momentos, possivelmente durante epidemias de piolho. Para disfarçar, ela usava
perucas. Ela era muito vaidosa. Fazia tratamentos de beleza e hidratava a pele
com banhos de leite. Cleópatra também gostava muito de se maquiar. Inclusive,
foi ela quem popularizou o uso do kohl, uma mistura de carvão e chumbo usada
para contornar de preto os olhos.
Quase uma virgem
Está certo que Cleópatra casou-se com seus dois irmãos e foi
amante dos romanos Júlio Cesar e Marco Antônio, mas diferentemente do que se
imagina, a rainha estava longe de ser uma libertina. Ao que tudo indica, César
foi seu primeiro homem e Marco Antônio, com quem viveu 11 anos, o segundo e
último.
Invenção romana
A ideia que se tem que Cleópatra era uma sedutora
inescrupulosa foi criada pelos romanos, que odiavam a moça e acreditavam que
apenas os homens poderiam ser tão poderosos. A difamação contra a rainha
começou após Marco Antônio, que na época governava as províncias no Oriente, se
separou de Otávia e assumiu de vez a rainha, na época a sua amante.
Acontece que a mulher de Antônio era nada menos que a irmã
de Otaviano, que administrava a parte ocidental do Estado romano, e não só
odiou a separação, como sentiu que o seu governo estava ameaçado. Em sua
campanha para tentar sujar a imagem de Cleópatra, Otaviano disse que Marco
Antônio não passava de um joguete nas mãos da monarca, que pretendia conquistar
Roma.
As mentiras sobre a rainha do Egito continuaram após a morte
de Otaviano. Os romanos atrelaram todas as histórias sobre Cleópatra à sua
sexualidade, pois era mais fácil admitir que ela encantava os homens pela sua
sedução, do que por ser inteligente.
Suicídio
Outro mito que cerca a vida de Cleópatra é que ela morreu
após ser picada por uma cobra. Entretanto, uma pesquisa do historiador
Christoph Schäfer, da Universidade de Trier, concluiu que ela tomou um veneno,
um coquetel preparado por ela, para se matar, depois de ter sido presa pelas
tropas de Otaviano.
A cobra que teria picado a rainha é apenas uma invenção, que
pode ter sido originada após o seu enterro. No leito de morte a rainha aparecia
em gesso pintado junto com uma serpente.